Isaac Abençoa Jacó

Gn 27,1-46 – rodapé da Bíblia Ave Maria

Este longo capítulo dedicado a bênção de Jacó pode ser dividido em três partes: 1)O relato, no qual fica confirmada a predileção de Isaac por Esaú e de Rebeca por Jacó, onde a influência feminina aparece como mais poderosa, chegando a enganar seu próprio marido em favor do filho mais novo (vv.1-26). 2) A benção, que de fato não inclui nenhuma recordação ou referência à bênção divina, nem as promessa feitas a Abraão. Trata-se antes da confirmação de certa prosperidade material que tem a ver com o necessário para a subsistência – alimentos – e com a segurança pessoal e grupal – aspecto político-militar (vv.27-29). O versículo 29 deve ser um acréscimo da época da monarquia unida, quando Davi e, sobretudo, Salomão submeteram a seu domínio muitos povos vizinhos, inclusive Edom. 3) Mais uma vez, a Escritura mostra como a ação de Deus realiza-se em meio a uma trama humana carregada de interesses pessoais, de violação de direitos e de atitudes contrárias à justiça. Refletem-se dois aspectos ou formas de pensar em relação ao tema da bênção, cujo sentido principal é o bem-estar e a prosperidade materiais, a paz e a tranquilidade. O outro assunto é a forma como fica patente o aspecto da retribuição: a quem age com o bem tudo corre bem, e a quem age com o mal tudo de mal lhe acontece. O próprio Esaú prepara o seu “trágico” destino por suas ações negativas: sua irresponsabilidade em assunto tão delicado como sua primogenitura (cf. Gn 25,33), que traz como consequência o roubo da bênção (Gn 27,1-38); seu casamento com mulheres cananeias ou hititas (Gn 26,34s) e seu ódio assassino (v.41). Também Jacó é “retribuído” mediante o engano com que arrancou a bênção de seu pai: Assim como ele enganou, também será enganado quando se dirigir à terra de seu tio e futuro sogro Labão em busca de uma esposa. O fundo históricos que os destinatários iniciais dessas histórias e lendas conheciam refere-se não tanto a personagens reais, mas sim a povos ou grupos sociais, isto é, a prosperidade e abundância de que desfrutavam os filhos de Jacó em terra cananeia, enquanto seus parentes, os edomitas, viviam em um deserto árido e sem possibilidade de prosperar: O versículo 40 une-se a 26-34 e prepara a partida de Jacó à terra dos seus avós maternos, para não incorrer no mesmo “erro” de seu irmão mais velho, tomando por mulheres as cananeias.

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