Morte de Abraão

Gn 25,1-18 – rodapé da Bíblia Ave Maria

Os vv. 1-6 narram em forma de genealogia a maneira como Abraão continua multiplicando sua descendência depois da morte de Sara. Fica registrado o parentesco do povo israelita com outros povos ou tribos vizinhas, com algumas das quais certamente não mantém demasiada afinidade, mas algum parentesco. Reconhece-se essa proximidade familiar, mas salienta-se que “Abraão deu todos os seus bens a Isaac. Quanto aos filhos de suas concubinas, só lhes deu presentes, e despediu-os, ainda vivo, mandando-os para longe de seu filho Isaac, para a terra do oriente”(vv5s). Os vv.7-10 narram a morte e sepultamento de Abraão de uma maneira simples e singela. Estes breves vv. assinalam dois aspectos fundamentais: 1) A qualidade de vida do patriarca, explicitada pelo número de anos e pelas expressões “ditosa velhice”, “idade avançada e cheia de dias” e “foi unir-se aos seus”. Não era bom sinal morrer jovem; considerava-se isso uma maldição, fruto de uma vida não aceitável para Deus (cf. 38,6-10). A “ditosa velhice” ou ter sido “cheio de dias” indicava bênção; aquele que vivia muito era porque além do mais possuía abundância e prosperidade materiais, sinais evidentes – para a mentalidade bíblica – da bênção divina. 2) A segunda ideia fica salientada na forma como se insiste no lugar da sepultura e na qualidade do dono do campo no qual é sepultado. Os vv. 12-18 retomam o tema de Ismael, que havia desaparecido do cenário desde que foi expulso com sua mãe por Abraão a pedido de Sara. Ficou dito em Gn 21,13 que também ele seria pai de multidões; agora, chegando o momento de estabelecer os chefes das tribos dessa numerosa descendência, o redator cuida de antepor o aviso de que quem possui a bênção é Isaac (v.11). A notícia da morte de Ismael é mais simples ainda que a de Abraão. De fato, emprega-se a mesma expressão o número de anos expirou, morreu e se reuniu aos seus, sem indicar o lugar de sua sepultura. A situação da descendência ismaelita “desde Hévila até Sur, que se encontra defronte do Egito” (v. 18), não indica propriamente a posse de um território o qual nunca foi objeto de promessa, nem a Ismael nem a sua descendência.

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