O Pecado dos Homens

Gn 6,1-8 – rodapé da Bíblia Ave Maria

Rompendo com o tema da descendência de Adão, este relato fala de uma antiga crença na existência de uma raça especial de gigantes que, de acordo com a lenda, seriam o produto da união dos “seres celestiais”, filhos de Deus, com as filhas dos seres humanos. Análise crítica da história, que estes versículos desenvolvem, põe em foco os comportamentos negativos dos humanos que resultaram no aparecimento do mal no mundo. Este relato, patrimônio cultural de alguns antigos povos vizinhos de Israel, serve ao redator para descrever outro flagelo que o povo sofreu, os filhos da prostituição sagrada, prática muito comum em todo esse território do Oriente próximo. Os frutos dessas uniões exigiam privilégios especiais, que, entende-se, não possuíam, mas que eles faziam valer como legítimos, o que acarretava mais opressão e empobrecimento ao povo. Este relato também reflete a recordação dolorosas das injustiças cometidas pela família real. Lembremo-nos que o rei era tomado como o “filho de Deus”. É de se supor que seus filhos exigissem muitos privilégios que representavam uma pesada carda para o povo, outra atitude totalmente contrária ao plano divino de justiça e de igualdade. Este relato nos introduz à história de Noé. Aumenta a tenção entre o plano harmônico e bondoso de Deus e a infidelidade e corrupção humanas, isto é, a recusa livre e voluntária do plano divino.

A Bíblia chama essa recusa de corrupção e pecado. Diante dela, Deus se “arrepende” de ter criado (v.6). Esta passagem também não deve ser tomada literalmente. Não esqueçamos que os autores sagrados servem-se de muitas imagens para desenvolver uma ideia ou um pensamento porque querem e procuram que seus primeiros destinatários os entendam perfeitamente.

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